quinta-feira, 16 de abril de 2009






Preserve o azul do Pantanal






Com um metro de comprimento da cabeça à ponta da cauda e peso médio de 1,5 quilo, a arara-azul é o maior representante no mundo da fam´lia dos psitacídeos, que reúne araras, papagaios, maritacas e periquitos.


A espécie vive, em média, 30 anos e começa se reproduzir aos nove. Quando chega a primavera,as araras-azuis fazem seus ninhos nas cavidades ocas do manduvi, uma árvore alta e de madeira macia.


Mas a tarefa nem sempre é fácil, pois a concorrência por um manduvi no Pantanal é grande. Tucanos, urubus e gaviões também constroem seus ninhos nesse tipo de árvore, cuja quantidade vem diminuindo devido ao desmatamento e às queimadas. A madeira macia é o pricipal atrativo para as araras-azuis. Com os seus bicos duros, elas beliscam as cavidades das árvores para fazer os ninhos.


A serragem da madeira serve de cama para os ovos. Por isso, cerca de 95% dos ninhos de araras-azuis são feitos em manduvis.


Em geral, as araras-azuis colocam dois ovos. Raros são os ninhos com três. Após 30 dias, os filhotes podem nascer a qualquer momento! Mas o mundo que s aguarda apresenta diversas ameaças,. De cada 10 filhotes nascidos vivos, dois a quatro não sobrevivem ao ataque de predadores, como gralhas, tucanos, gambás, urubus, gaviões, quatis e (imagine!) baratas. É verdade! Existe uma espécie de barata- de tamanho menor e de cor marrom que pode atacar os filhotes nos seus primeiros dias de vida.


Mas o perigo também mora ao lado. Quando os filhotes nascem com uma diferença maior do que cinco dias entre si, a chance do que nasceu por último sobreviver é muito pequena. Isso acontece porque o filhote que nasceu primeiro tem mais sucesso na luta pelo alimento.


Durante 100 dias aproximadamente, os filhotes de arara-azul permanecem o tempo todo no ninho. Como são pequenos e frágeis demais para quebrar os coquinhos do acuri ou da bocaiúva , recebem comida na boca. Os pais quebram o coco com o bico, engolem e regugitam, isto é, vomitam o alimento no bico dos filhotes. Eles ficam de papo cheio e com um cheirinho delicioso de leite de coco!


Os filhotes contam com a companhia dos pais por cerca de um ano e meio, tempo de que necessitam para aprender a voar e se alimentar. Após este período, eles estão prontos para aprender viver sozinhos e os pais preparados para se reproduzir novamente. Pelo fato de convivência das araras-azuis com seus filhotes ser longa, essas aves colocam ovos apenas a cada dois anos. E são fiéis ao seu companheiro. Quando chega a primavera, o casal de araras-azuis que já teve filhotes se une novamente e procura o mesmo ninho da primavera anterior para colocar seus ovos.






NA LISTA DOS AMEAÇADOS




No século 19, expedições que viajavam pelo Brasil, Bolívia e Paraguai relatavam o encontro com bandos de centenas de araras-azuis voando no céu do Pantanal . Mas anos de comércio e caça ilegais e de destruição do hábitat colocaram a arara-azul na lista de animais ameaçados de instinção organizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).


Com o crescimento das cidades e com as queimadas que ocorrem na época das secas, a mata do cerrado foi desaparecendo aos poucos. Além disso, gigantescas áreas do Pantanal foram transformadas em pastagens nos últimos 20 anos. Tudo isso causou diminuição do número de manduvis, comprometendo a reprodução das araras-azuis. Afinal como outras aves também constroem seus ninhos nesse tipo de árvore, sobram poucas disponíveis que as araras azuis se reproduzam.


A caça ilegal e a utilização de suas penas em cocares e outros artezanatos indígenas que são vendidos a turistas estrangeiros também contribuem para a extição dessa ave. Somente na década de 1980, estima-se que 10 mil araras-azuis tenham sido retiradas da natureza e vendidas no exterior. O preço de cada indivíduo poe chegar a milhares de dólares.




ARARA, câmbio!




Por tudo isso, iniciativas para proteger e estudar as araras-azuis são fundamentais. É o caso do Projeto Arara-Azul, criado há 10 anos no Mato Grosso do Sul, que tem o obejetivo de organizar um banco de dados com informações detalhadas sobre a espécie e de criar melhores condições para a sua reprodução, o que colabora para a preservação.






Arara-azul-grande

Arara-azul-grande
(Anodorhynchus hyacinthinus)